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Brincar é um estado de presença. Bicho brinca. Pessoa brinca. É um comportamento que tende a ser visto com exclusividade da pessoa criança. Mas, é exatamente quando descobrimos a alegria de acompanhar corpos nos primeiros anos de vida, que aprendemos que a brincadeira é algo de pessoa! Independente da idade. 

Brincar com sons, com o corpo, com o movimento, com as coisas. Brincar em trabalho, brincar em relação, brincar com. Escutar a vida pelo viés das artes e da educação, possibilitando encontros de qualidade entre pessoas de muitas idades. 

 

Enquanto artistas-educadores sentimos a urgência de praticar o estado de brincar. Interessa-nos aproximar, investigar e aprofundar as relações do brincar-criar-performar-encontrar-formar. Borrar as fronteiras entre a educação e a arte, entre ser adulto-ser criança. Desterritorializar os pensamentos e encontrar com histórias não conhecidas, poder contar essas narrativas “pluriversas”. Refletir, abanar, dançar aquilo que vai sendo escola, formação, educação de pessoas. Acompanhar e sermos acompanhados por pessoas que sentem que estão sempre a crescer, a aprender, a descobrir, a investigar e que por sua vez, desconfiamos, que estão sempre a exercitar o estado de brincar. 

 

Muito já foi estudado, principalmente nas áreas de estudos da infância, da neurociência, da psicologia, que o brincar é fundamental para o crescimento. Acreditamos no brincar enquanto forma de conhecimento e não como meio para aprender algo ou alguma coisa. Tal qual a arte. Quando aproximamos o brincar com o actuar, performar, tocar um instrumento, temos na origem da palavra na língua inglesa play.

 

O estado de brincar convida-nos a explorar o possível. Não existe propósito para o brincar. Existe o desejo, a experiência, o aqui-agora, a atualização constante da consciência de si, do outro, do espaço, do mundo. Lydia Hortélio, etnomusicóloga, grande estudiosa do brincar, convida a pensar que “o brincar é o primeiro gesto de afirmação da vida”. O brincar é o lugar de encontro. É a prática do atrevimento, da sobrevivência, da curiosidade, de resistir e continuar a criar mundo.

 

O nome baileia nasce da brincadeira com as palavras, letras e seus significados. 

Brincar com as coisas e transformar um bicho em dança.

Muito prazer, nós somos a Baileia


 

Tem palavras que saem da boca de um jeito diferente do que

conhecemos como “correta”. O sei saiu “sabo” de saber,

forte saiu "foite", bonita saiu "buita", o dentro saiu “drento”,

a baleia saiu “baileia”, que por sua vez, virou verbo:

 

eu baileio, tu baileias, ela baileia…

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